quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A (trans)formação de grupos em equipes de trabalho: Um Processo Alquímico


Ao longo da minha experiência profissional como consultor de empresas na área de gestão de pessoas tenho me defrontado com inúmeras situações em que os profissionais que atuam em uma mesma área, divisão, departamento, gerência, vivem situações críticas que afetam profundamente os resultados esperados pela corporação, as metas não são atingidas plenamente e as relações interpessoais estão, 
de algum modo, abaladas.

Quando contratado para fazer uma intervenção no processo de desenvolvimento de equipes de trabalho, percebo muitas vezes, que o trabalho adquire contornos terapêuticos e, por que não dizer? acaba por assumir características de um processo alquímico.Por que contornos terapêuticos? Porque conforme a etimologia da palavra grega therapeuein, que significa curar, o termo tem uma amplitude que transcende a cura dos males do corpo e atinge o âmago da vida, a  própria alma,  afetada por inúmeros males capazes de desagrega-la impedindo que se manifeste em sua plenitude. É um serviço à vida e nesse sentido é um serviço sagrado.Assume características de um processo alquímico porque se trata de uma experiência de transformação. E neste processo é possível identificar os elementos fragmentadores trazendo à luz o que está oculto. E, uma vez revelado, surge uma nova consciência fundadora de 



Um novo modo de ser, como detalharemos em seguida.Conforme afirma o Prof. Novaes de Sá “a alquimia se baseia na perspectiva de que há algo de todas as coisas em todas as coisas e de que através da presença do sagrado uma transformação ocorre na própria substância das coisas e não apenas em seus acidentes”.A transformação deve ocorrer nos indivíduos  membros do grupo, até que a consciência de interdependência se desenvolva e eles passem a se compreender como uma equipe. Diria que este é um momento sagrado. E todos assim o compreendem quando a energia passa a ser sinergia.Quando cada indivíduo toma consciência de si mesmo e se percebe simultaneamente como sujeito e objeto de transformação, ocorre o que é denominado como a unidade do opus alquímico. Através de 
exercícios pedagógicos (terapêuticos?!) os participantes do processo se dão conta que são, concomitantemente, sujeitos, matéria-prima e a própria obra que se busca. Amplificando a reflexão sobre o processo que ocorre no indivíduo para um grupo de pessoas que se propõe a investir nas relações interpessoais para obter “qualidade de vida no trabalho” e busca de 
consciência dos seus papéis para fins de atingimento de metas e resultados corporativos, compreendo que o que está eminentemente em questão é a consciência de si mesmo como ser humano interagindo com outros e integrando seus valores e competências a serviço da 
coletividade, do bem comum. Deste modo, não há outro caminho senão começar por conhecer a si mesmo. Compreender-se como ser humano, com seu sistema de crenças e valores, com sua Persona e Sombra atuando nas relações provocando conflitos internos e com seus semelhantes. Compreenderse a si mesmo também como um sujeito ardente de desejo de integração e realização. Assim o Prof. Novaes de Sá explicita seu pensamento a respeito do processo: O alquimista não opera por seu próprio conhecimento e vontade 



Uma transformação sobre uma matéria que lhe é estranha. Ele é tomado e chamado a participar de um processo de transmutação em que operador e matéria, sacrificante e sacrificado são momentos ou manifestações articuladas na unidade da própria obra.Isto é, todos, de alguma maneira, participamos de uma dinâmica que nos transcende, pois também como consultor (terapeuta / alquimista) sou transformado, a medida que participo com os demais, reflito e procuro dar significados à minha própria história. Atuando neste processo, tenho procurado resgatar os valores mais significativos da vida dos participantes através de exercícios de interiorização e meditação e, invariavelmente, emergem como o que dá sentido à vida valores como: fraternidade, solidariedade, amizade, 
cooperação, harmonia, geração de vida, amor, humildade, compreensão, companheirismo, respeito, justiça, família, e outros nesta mesma linha.Na história de vida de cada um é possível constatar que os melhores momentos vividos, denominados momentos de plenitude, são aqueles marcados por valores éticos ou espirituais. Entretanto, marcados por condicionamentos e pela não consciência de si mesmo, suas relações interpessoais, são, em geral, afetadas por comportamentos individualistas, competitivos e recheados de atitudes não éticas.Ao mobilizar os indivíduos em atividades de grupo, denominadas jogos cooperativos, comumente são identificados comportamentos típicos de uma situação competitiva e, portanto, desagregadora. Assim, normalmente, eles se apresentam:

1-Com uma percepção de que atingir os seus próprios objetivos não é compatível com a obtenção dos objetivos dos demais;

2- Insensíveis às solicitações e necessidades dos outros;

3-Com reduzida capacidade de ajuda mútua;.

4- Alto índice de competição, fragmentação e individualismo e

5-Baixo nível de produtividade em termos qualitativos.Ora, conforme os tratados alquímicos essa etapa é claramente 


Caracterizada pela solutio. Etapa também chamada, conforme a nomenclatura adotada na Idade Média, de nigredo (enegrecimento) porque é o regime inicial e se associa às operações de separação, dissolução, putrefação. Na solutio os elementos estão dispersos, desmembrados, em processo de derretimento, retornando ao estado primal. Para acontecer o processo de transformação é imprescindível passar por esta etapa. Como afirma Edinger “as grandes transições da vida costumam ser experiências de solutio”. (1985:87) e que “em termos essenciais, a solutio é resultado do confronto entre o ego o inconsciente.”.(1985:96)
Ao realizar este confronto cada um percebe as próprias contradições:

Entre os valores afirmados de solidariedade, harmonia, companheirismo, etc e o desejo de dominar e humilhar o outro, procurando, muitas vezes, impedir que não atinja os seus objetivos ou alegrando-se quando isto ocorre; quando procura atingir os próprios objetivos às custas da derrota ou desvalorização do outro;

•Entre os valores de amor, cooperação e  fraternidade e o individualismo destruidor, que pensa sempre primeiro em si em detrimento do bem comum. O objetivo está em vencer sozinho ou aperfeiçoar-se sem quaisquer referências ao desenvolvimento dos demais, porque não compartilha o saber, não ajuda o outro a crescer e nem aceita ajuda e críticas que 
contribuam para o próprio desenvolvimento etc. Estas situações são geradoras de desmotivação, falta de confiança no grupo, ressentimentos, medos, baixo nível de conforto, de 
participação e criatividade porque não há espaço para a autenticidade e inteireza humanas.
Isto posto, confirma-se a importância dessa etapa no processo, visto que nas palavras de Novaes de Sá “toda transformação implica em uma “dissolução”, em um retorno à matéria caótica, unidade e origem a partir da qual emergem todos os modos de manifestação.”


Esta tomada de consciência conduz a uma outra etapa no processo que recebe o nome de coagulatio.  Faz-se necessário que esta etapa seja promovida de modo ativo, sensível e maduro. Ela recebe este nome porque, segundo Edinger (1985:111):A consciência do mal que há em cada um  isto é, a percepção da sombra, coagula. Embora seja um processo marcado pela culpa, a coagulatio contém, de acordo com um certo texto, sua própria capacidade de redenção.(...) Aquilo que se concretizou plenamente ora se acha sujeito à transformação. É o momento do despertar para a mudança de estágio. Os participantes do processo tomando consciência de si mesmos são chamados a uma metanóia, a mudança de atitude onde prevaleça o conjunto de valores originais.Aqui o estágio recebe o nome de albedo porque marca a nova união do corpo e da alma do fixo e do volátil.  Mas ainda não é o seu termo; é a etapa marcada pelo sofrimento da transformação, que precisa ser cuidada e nutrida para amadurecer e chegar à perfeição do lápis philosophorum.Nas palavras de Edinger (1985:115): Todo processo inicial de desenvolvimento psíquico individual  o surgimento do ego a partir do seu estado original de unicidade com a psique objetiva  pode ser tido como um processo de coagulatio. A experiência e a percepção consciente das imagens arquetípicas inatas só tem seqüência se as encontrarmos encarnadas em formas concretas, personalizadas.Todo o programa da (trans)formação de equipes se dá, essencialmente, através de atividades lúdicas, vivenciais e metáforas através das quais os participantes refletem sobre os seus comportamentos reais e desejados. Ao refletirem criticamente através de analogias com a sua vida eles promovem a coagulatio. Por meio de analogias, isto é, relacionando os aspectos vivenciados com o seu dia a dia eles tomam consciência de si. É isto que faz com que a alquimia adquira importância para a psicologia porque encerra uma gama de analogias que personificam a psique objetiva e o seu desenvolvimento.


As atividades, metáforas, jogos, são, na verdade, símbolos dos quais tratam a alquimia e a psicologia profunda.A partir deste estágio os participantes já se percebem mais conscientes e maduros, capazes de dialogar com franqueza, transparência e enfatizando a dimensão ético-espiritual de suas presenças no contexto organizacional: há algo mais nobre e sublime que trabalhar em troca de salários. A plena realização humana, a felicidade que passa pelo caminho do outro e o serviço como dádiva e instrumento para a construção de uma vida melhor, que passa por uma equipe, por uma empresa e  sociedade melhores passa a ser a própria opus.Em uma equipe de trabalho esse momento é caracterizado por comportamentos e atitudes de união e integração dos opostos, unidade na diversidade que pode ser expresso na sentença “Fazer a minha parte, em harmonia com os outros, para o bem de todos”. No processo  alquímico recebe o nome de rubedo, isto é, o coroamento do “Rei, o nascimento do verdadeiro “sol”, a perfeição do lápis philosophorum. Esta etapa recebe o nome de coniunctio, e é o ápice da obra porque resulta da combinação dos opostos e anula a unilateralidade De onde se origina o próprio termo “pedra filosofal”, que sugere a união dos opostos: pedra que é concreto, realidade material e filosofia que é empreendimento espiritual, sabedoria. Uma vez conjugadas, pode-se pensar na realidade prática e  eficaz da sabedoria e da consciência.Quando em um jogo cooperativo, assim como na vida e no trabalho em equipe, todos os envolvidos têm um mesmo sentimento de vitória quando todos vencem e aprendem a se doar, a compartilhar, a confiar e aceitar as diferenças cria-se o senso de comunidade e de solidária com tal força que a equipe se torna imbatível. Os valores espirituais  que dão sentido e plenitude à vida  se concretizam em gestos, atitudes, condutas que consubstanciam o verdadeiro espírito de equipe. Com este espírito é possível superar os conflitos, encontrar soluções criativas para os problemas que surgirem e atingirem as metas e resultados de forma significativamente melhor e mais participativa. O que rege e promove a adesão dos participantes não é mais somente os objetivos individuais, mas a harmonia entre os seus objetivos e o objetivo comum. Pode-se nomear este fenômeno como amor, que é o fundamento de todas as relações maduras.Como todo o processo de transformação, é uma mudança difícil e, para muitos, dolorosa, porque significará desapego, altruísmo, mortificação, mas é certo que nenhuma organização atingirá produtividade no séc. XXI a menos que seja bem-sucedida como Comunidade, como afirma o escritor e consultor Gifford Pinchot.  E, se a alquimia é uma ciência que ensina como transformar todo tipo de metal em ouro, podemos, por analogia, afirmar que o processo de transformação de pessoas e grupos em indivíduos conscientes e equipes unidas de alto desempenho é um processo alquímico.Examinando a história da evolução constata-se que é a cooperação que cresce com o tempo a partir da consciência da interdependência, de que somente nos relacionando com os demais é que o ser humano será plenamente humano. Como afirma Brotto é o instinto de comunidade presente em todos os lugares da vida que deve mover os indivíduos. O que importa é saber viver em comunidade, do contrário, quando não há consenso sobre a razão por que estamos reunidos, as instituições que criamos para nos servir tornam-se campos de batalha que não servem a ninguém. (...) Sem estarmos de acordo sobre o motivo para estarmos reunidos, nunca podemos desenvolver instituições que façam qualquer sentido: 
nosso instinto de comunidade nos leva a uma comunidade 'minha', e não a uma comunidade 'nossa'. Para conseguir isso [novas possibilidades], precisamos começar a conversar sobre propósitos e significados compartilhados e nos comprometermos com eles. À medida que permanecemos nessa conversa, começamos a trabalhar em conjunto em vez de tentarmos nos convencer, mutuamente, sobre quem está mais certo. Somos capazes de criar comunidades maravilhosas e vibrantes quando descobrimos os sonhos de possibilidades que compartilhamos. 

E este é um trabalho sagrado. Como é sagrada a opus alquímica. Por 
ela, todos somos transformados, como afirma Jung (2004:163):
Em todo tratamento psicológico efetivo, o médico está fadado a 
influenciar o paciente; mas essa influência só pode ocorrer se o 
paciente tiver sobre o médico uma influência semelhante. Não se pode 
exercer influência se não se for suscetível à influência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Edinger, E. F. Anatomia da Psique  O Simbolismo Alquímico na 
Psicoterapia. São Paulo: Editora Cultrix, 2005.
JUNG, C. G. A prática da psicoterapia.. Obras Completas Vol. XVI. 
Petrópolis, Ed. Vozes, 2004.
Novaes de Sá, R. A matéria do arcano na tradição herméticoalquímico: os nomes do não nomeável.
Novaes de Sá, R. As operações e os regimes da grande obra.
Novaes de Sá, R. Alquimia: Iniciação ao “Opus”.
Novaes de Sá, R. Alquimia.

fonte :www.animah.com.br

Textos de Robson Santarém

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

EVENTO EM ITABORAÍ NO DIA 07/11/12 NO SALÃO NOBRE DA PREFEITURA.

Convite

O Instituto de Recursos Humanos do Leste Fluminense –RH-LF, convida você para estar conosco no evento “O Alinhamento dos Recursos Humanos com a Estratégia do Negócio” .


Ele  acontecerá no dia 07 de novembro de 2012, no
Horário: 8hs às 13h30
Local: Salão Nobre Prefeitura de Itaboraí
Endereço: Pça Mal. Floriano Peixoto, 97 - Itaboraí

Programação Pontual:
08:00 – Recepção
08:10 – Abertura Oficial

08:45– Palestra: “Cultura e Valores nas Organizações”. Palestrante: Robson Santarém
Robson é Casado, Pai, Administrador especializado em Recursos Humanos, Mestre em Ciências Pedagógicas, pós-graduado em Psicologia Junguiana, pós-graduado em Teologia, Ecumenismo e Diálogo Interreligioso, com formação holística pela Universidade Holística Internacional – UNIPAZ. É Sócio-Fundador da Anima Consultoria para Evolução Humana, com experiência acumulada em multinacionais e consultoria de Recursos Humanos. Autor dos livros Precisa-se de Ser Humano, Autoliderança – uma jornada espiritual e A Perfeita Alegria – Francisco de Assis para Líderes e Gestores.

09:45 - Palestra: “ Seleção Por Competência”. Palestrante Paula Alexandrisky
Paula é Diretora da Conexão Talento, especialista em Orientação Profissional e Coaching de Carreiras pelo Grupo Orientando- RJ, especialista em Gestão de Recursos Humanos com MBA pela Fundação Getúlio Vargas - RJ, Economista pela Universidade Federal Fluminense. Atuou como gestora da área de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pessoas e como o coordenadora do Curso Tecnólogo em Gestão de RH no UNIPLI. Professora do curso de pós-graduação em Gestão Empresarial, graduação em Administração de Empresas e
Tecnologia em Gestão de RH.

10:45 - Intervalo café

11:00“ Lições de liderança”. Palestrante Ubiratan Bonino
Bonino é Administrador de Empresas, bacharel em Direito, Consultor organizacional com formação no país e no exterior. Especialista em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), pós-graduado em Engenharia Econômica, Marketing e Gestão de Negócios. Foi Gerente de RH da IBM Brasil e Ger. de Projetos de RH da América Latina. Foi o responsável pela reestruturação e pela Gestão do RH do Metrô Rio na sua transformação de empresa publica para empresa privada. Desde 2003 é colunista de RH do jornal "Diário Comercial do Rio de Janeiro.


12:00- Palestra: Marketing do Conhecimento: Uma nova abordagem para os processos de T&D.
Palestrante Kleber Rodrigues
Kleber é Membro convidado da equipe “Silver” de conferencistas internacionais do mesmo instituto. Diretor da Pitágoras do Brasil. Mestre em Gerência de Produção pela PUC Rio, Engenheiro, Pós-graduado em Marketing; Há mais de 15 anos é pesquisador do comportamento humano, possuindo diversas especializações na área. Facilitador em Cursos de Graduação e Pós-Graduação na área de Gestão de pessoas e empresas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Grande Rio. Prêmio de Conferencista do Ano 2012 (“Speaker of the year 2012”) pelo Latin American Quality Institute

Confirmar inscrição através do e-mail : marketing@rh-lf.com.br Informando o seu nome, função, telefone e empresa, Ou visite nosso site: www.rh-lf.com.br – inscrição